por Associação Suíço Valesana do Brasil. 04/09/2016
familia gedoz; gedoz
FESTA DA FAMÍLIA GEDOZ
O RESGATE DE UMA HISTÓRIA DE 142 ANOS
O primeiro grande encontro da FAMÍLIA GEDOZ, aconteceu no dia 04 de setembro de 2016, na localidade de Santa Clara Baixa, em Carlos Barbosa, RS, quando os descendentes do casal suíço, Jean François Gedoz e Marie Marguerite Joris Gedoz, se encontraram para resgatar sua história, uma história de 142 anos.
Esta história começa assim: em 1851, Jean François emigrou para a Argélia, norte da África, conquistada pelos franceses. Lá, devido às péssimas condições ambientais, perdeu esposa e filhos e, por isso, retornou à Suíça. Em 1859 casou-se com Marie Marguerite Joris - ambos oriundos do município de Saxon, Cantão de Valais, Suíça - com quem teve nove filhos, sete nascidos na Suíça e dois no Brasil. Seus filhos nascidos na Suíça são: Jean Joseph, Louis, Maurice Leopoldo, Marie Rosine, AdeleEmilie Louise, Cesar Erasme e Felix Benjamin. Os dois que nasceram no Brasil são Julio José e Seraphim Eugenio.
Em 1874, chegou ao Distrito de Montravel, ex-colônia de Santa Maria de Soledade, hoje Santa Clara Baixa e Santa Luiza, no município de Carlos Barbosa, o agricultor suíço-valesano Jean François Gedoz e sua família, juntamente com outras duas famílias valesanas, para o reconhecimento do lugar e avaliação das condições de estabelecimento. Foram os pioneiros da imigração suíço-valesana no Rio Grande do Sul, a qual se consolidou em 1875, com a chegada de outras 32 famílias das comunidades suíças de Charrat, Saxon e Vouvry.
A família teve que superar os desafios impostos aos pioneiros em uma terra a ser desbravada, onde tudo estava por fazer. Dedicava-se à agricultura familiar de subsistência; cultivava trigo, milho, feijão, batatinha; criava pequenos animais como aves, suínos e, posteriormente, bovinos, eqüinos e muares. O solo era fértil para a agricultura, porém a mata necessitava ser cortada, mas não havia mecanização, apenas algumas ferramentas como machados, foices e enxadas. O relevo, muito acidentado, dificultava o cultivo da terra e o transporte da produção.
Aos poucos, foram abrindo trilhas e estradas, andavam e transportavam as colheitas a pé ou em lombo de cavalo. Foi difícil a adaptação ao clima e o ajuste das colheitas com as estações e o clima bem diferentes daqueles da Suíça. A comercialização também era difícil, bem como a aquisição do que necessitavam para viver. Tiveram que aprender as línguas: ou a italiana ou a alemã e o português. Uma vez estabelecidos na nova pátria, formaram a primitiva comunidade de Santa Clara Baixa e participaram ativamente da construção de uma capela e da formalização da sociedade, para a qual elaboraram os “Estatutos e Regulamento da Sociedade da Capela de Santa Clara”, aprovados em assembleia no dia 1º de setembro de 1881, tendo como foco principal o auxílio mútuo e a solidariedade.
Distante 1 quilômetro do núcleo da capela, ficava a casa do casal Jean François e Marie Marguerite, construída na década de 1880. Há quem afirme que esta casa teria sido construída em 1877. É a mais antiga casa de imigrantes Suíço-Valesanos que se tem conhecimento. A fonte de água, que existe bem em frente a ela, é a mesma que abasteceu a casa e a família Gedoz e seus descendentes por mais de um século.
Cinco décadas depois de sua chegada, Jean François emprestou o cenário de sua casa para que, em 01 de agosto de 1925, fossem comemorados os 50 anos da Imigração Suíço-Valesana no Rio Grande do Sul. Dezenas de imigrantes posaram para a foto histórica. A ASVB - Associação Suíço-Valesana do Brasil, declarou o local como Patrimônio Histórico da Imigração Suíço-Valesana no Rio Grande do Sul.
Os alicerces dessa casa acolhedora ainda existem e, por esta razão, recentemente, em junho de 2016, a ASVB, juntamente com representantes da família Gedoz, inauguraram um marco histórico no local. Esse monumento encontra-se em propriedade privada e pode ser visitado. A reconstrução da casa para abrigar um museu é o próximo passo. Para marcar o evento foi feita uma foto comemorativa, com os descendentes posicionados em frente aos alicerces da casa, numa alusão à foto do ano de 1925.
Hoje, a Grande Família GEDOZ está espalhada por todo o Brasil e parte da Argentina – na localidade de Jesus Maria, Província de Córdoba, para onde o filho primogênito Jean Joseph Gedoz emigrou e constituiu família.
A programação iniciou às 9h, com a recepção e credenciamento das famílias. Às 11h, na capela Santo Antonio, aconteceu a celebração de uma missa em Ação de Graças à Família Gedozimigrante e aos seus descendentes,pelos Padres Ademar Agostinho Sauthier e Moacir Canal, respectivamente, neto e bisneto de Jean François e Marie Marguerite JorisGedoz e pelo Pe. Márcio Weber, Pároco da Capela. Durante o ofertório, descendentes dos imigrantes levaram até o altar as bandeiras do Brasil e Suíça e uma cesta de produtos da terra, representando os frutos colhidos na nova terra os quais serviram de alimento em suas mesas e, também, foram o objeto do início da prosperidade e progresso, tanto almejados por eles. A razão de sua busca na migração a novas terras estava dando seus primeiros frutos.Também foi ofertada uma rosa branca, à cada imigrante, como símbolo de gratidão e homenagem àqueles que nos legaram a vida, a fé e a esperança.Durante a celebração os sacerdotes comentaram a história da família e ressaltaram a coragem, a bravura e as dificuldades aqui encontradas, os sacrifícios a que foram submetidos sem nunca perderem a fé e a esperança. A família dedicou-se a agricultura familiar, a terra era fértil e o relevo muito acidentado, mas isto não os intimidou. Tinham saudades da Pátria mãe mas estavam felizes aqui porque tinham TERRA para cultivar e produzir.
Ao meio dia, foi servido um almoçode confraternização onde estiveram presentescerca de 580 pessoas vindos dos três Estados do sul do Brasil.Entre os participantes destacamos a presença do Cônsul Honorário da Suíça em Porto Alegre Sr. GernotHaeberling acompanhado da Consulesa Sra. Isabel Haeberling, como convidados especiais. Também a Associação Suíço-Valesana do Brasil se fez presente, através de sua diretoria e inúmeros associados, descendentes da Família Gedoz. O congraçamento e o intercâmbio entre os primosfoiintenso e inesquecível pois muitos encontravam-se pela primeira vez.
Nesta ocasião foi lançado o 1º livro contendo a Genealogia da Família Gedoz, pesquisa realizada por Inês Natalina (Gedoz) Canal, onde relaciona 1.926 descendentes. A família GEDOZ, pelo que se tem conhecimento, foi a única a imigrar para o Brasil, e ainda faltam muitos integrantes a serem resgatados, portanto, atarefa de resgate será contínua. Também foi apresentada uma pequena amostra de trajes típicos suíços que estão sendo adotados por integrantes da Associação Suíço-valesana do Brasil, descendentes da Família Gedoze de outras Famílias Valesanas, em comemorações festivas.
Associação Suíço-Valesana do Brasil