150 ANOS DA IMIGRAÇÃO SUÍÇO-VALESANA NO RS

por Associação Suíço Valesana do Brasil. 21/02/2025

 150 ANOS DA IMIGRAÇÃO SUÍÇO-VALESANA NO RS: UMA HISTÓRIA DE DESAFIOS E CONQUISTAS 

O ano de 2025 marca um momento especial na história do Rio Grande do Sul: os 150 anos da imigração suíço-valesana.

Foi no distante 1875 que as primeiras famílias vindas do Cantão de Valais, na Suíça, chegaram às terras que hoje fazem parte de Carlos Barbosa, trazendo consigo sonhos, coragem e saudade de uma pátria distante.

 

A LONGA TRAVESSIA E A CHEGADA AO BRASIL 

A travessia do Atlântico foi dura. A bordo dos navios, os imigrantes enfrentaram incertezas, doenças e o medo do desconhecido. Mas a esperança de uma vida melhor os sustentava. Entre os primeiros a desembarcar estavam Jean François Gedoz, sua esposa Marie Marguerite Joris e seus sete filhos. Acompanhando-os estavam Daniel Roduit e sua esposa Marie Philomène Bondan, grávida de Clara Rosa, que se tornaria a primeira criança valesana batizada no Rio Grande do Sul, além de Pierre Emmanuel Roduit, sua esposa Marie Prosperine Joris e seus filhos.

 

A chegada a Carlos Barbosa não trouxe alívio imediato. As terras que receberam eram de matas fechadas, de solo pedregoso e difíceis de cultivar. O clima, diferente do que eram acostumados nos Alpes Suíços, exigiu adaptação. As primeiras moradias eram modestas, muitas vezes feitas de madeira bruta, e a alimentação vinha do que conseguiam plantar e caçar. Mas a resiliência desses pioneiros não conhecia limites.

 

A SAUDADE DA TERRA NATAL E OS LAÇOS QUE PERMANECEM

A nova vida não apagava as lembranças da Suíça distante. Os imigrantes carregavam no coração a saudade dos familiares que ficaram para trás: pais, irmãos e amigos, que talvez nunca mais fossem revistos. Saudade das montanhas nevadas do Valais e das tradições que tanto prezavam mantendo viva a tradição culinária suíça. O queijo fundido, o pão caseiro, as sopas ricas em sabor e o famoso raclette se adaptaram aos ingredientes disponíveis no Brasil. O vinho artesanal, feito a partir das videiras plantadas pelos imigrantes, logo se tornou parte das festividades e encontros familiares. Porém, aos poucos, recriaram seu lar em terras gaúchas, mantendo viva a cultura valesana em suas casas, no idioma e na fé. A língua francesa e os costumes valesanos eram mantidos dentro de casa e na comunidade, enquanto o português era aprendido aos poucos.

 

Com o passar das décadas, outras famílias se juntaram àquelas primeiras, formando um núcleo de imigrantes suíços que cresceu e prosperou. Sobrenomes como: Sauthier, Gedoz, Roduit, Chassot, Bays, Denicol, Bondan, Dupont, Bruchez, entre outros, tornaram-se parte da história da região, ajudando a construir o que hoje é uma comunidade forte e unida.

 

AS GRANDES CELEBRAÇÕES: 50, 125 E AGORA 150 ANOS

Em 1925, a comunidade celebrou os 50 anos da imigração suíço-valesana, relembrando as lutas dos primeiros anos e homenageando aqueles que abriram caminhos para as gerações futuras. Foi um momento de orgulho e reconhecimento, onde os descendentes dos pioneiros puderam se reunir e celebrar suas raízes. O evento aconteceu em frente à casa do pioneiro Jean François Gedoz, na comunidade de Santa Clara Baixa, onde ele instalou sua família. Já em 2000, nos 125 anos da imigração, a festa foi ainda maior, reunindo descendentes de todo o estado e até da Suíça. A cultura valesana foi exaltada, com danças, músicas e pratos típicos que lembravam as origens do povo que um dia cruzou o oceano em busca de uma nova vida.

Entre outros locais, foi visitado a Praça Clemente Raymundo Sauthier, onde está localizado o monumento Les Voiles du Spoir (As Velas da Esperança), criado por Velcy Soutier, designer e artista plástico. Monumento esse que remete à saga da imigração suíço-valesana.

 

Agora, em 2025, a comemoração dos 150 anos promete ser histórica. As novas gerações, descendentes daqueles corajosos imigrantes, se preparam para homenagear seus ancestrais e reafirmar os laços que ainda os conectam à Suíça. Será um momento de celebração, memória e gratidão, reconhecendo os sacrifícios daqueles que vieram antes e o legado que deixaram.

 

A história da imigração suíço-valesana no Rio Grande do Sul é uma história de superação, trabalho árduo e fé. Hoje, ao olharmos para trás, vemos não apenas as dificuldades enfrentadas, mas também a força e a determinação que transformaram um pedaço de mata fechada em lares prósperos e comunidades vibrantes.

 

Que esta celebração de 150 anos seja um tributo aos pioneiros e um lembrete de que suas raízes permanecem vivas em cada descendente que carrega com orgulho o legado suíço-valesano.

Por Claumir Southier*

*Descendente dos imigrantes da família Sauthier. Na Suíça, o sobrenome Sauthier é encontrado, principalmente, em regiões montanhosas das comunidades do Valais, como Sion, Martigny e Saint-Maurice, sendo um sobrenome tradicional na região.

 

Foto: Grupo de descendentes junto ao Monumento à Imigração Suíço-Valesana, na Praça Clemente Sauthier, em Carlos Barbosa, na abertura das festividades dos 125 anos, em 16 de julho de 2000, em manhã de muito frio e neve na região serrana gaúcha.

Associação Suíço-Valesana do Brasil

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